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domingo, 9 de dezembro de 2018

Carta de Thomar para Junot (1808)

Em Julho de 1808, de acordo com os escritos e populares, foi graças à intervenção de Ângela Tamagnini, conhecedora da língua francesa, que é evitado um embate bélico entre o povo de Tomar e o exército francês ao comando do General Pierre Margaron, sob a ordem de Junot, que tinha poucos dias antes devastado a cidade de Leiria.

General Margaron

Através da Gazeta de Lisboa, que neste período estava ao serviço dos franceses como meio de propaganda napoleónica, onde o Intendente Geral da Polícia Pierre Lagarde ditava a oficiais portugueses que faziam a tradução para português, conseguimos chegar a um verdadeiro tesouro que nos escapa quando falamos deste momento da história de Tomar: uma carta destinada a Junot.

Todos conhecemos o momento em que Ângela Tamagnini através do diálogo com o General Margaron, consegue provar a rendição de Tomar, existindo até uma lenda local de que o francês se apaixonou pela italiana, que era casada com um notável de Tomar.

A Gazeta de Lisboa não refere a presença de Ângela Tamagnini, no entanto, a ter acontecido a negociação podemos deduzir que em algum momento esta carta terá entrado na negociação.

No entanto, o conteúdo da carta é pouco conhecido e surge aqui tal como surge na Gazeta de Lisboa, datada de 8 de Julho de 1808:


"Havendo-se manifestado em Thomar hum principio de insurreição, os Frades e a mais vil canalha foraó os unicos que tomáraó parte nesta revolta. Os habitantes honrados daquella Villa porém se deraó pressa a dirigir ao Illustrissimo e Excelentissimo Senhor Duque d'Abrantes a carta seguinte:


 Sua Excelencia ordenou ao General que marcha para Thomar , que distinguisse aquela Vila da cidade de Leiria , que quiz persistir no seu criminoso delírio, e que por isso recebeu o castigo merecido, como igualmente Beja e Villa Viçosa. A mesma sorte está reservada a todas as povoações que ousarem revoltar-se."


A Gazeta de Lisboa, como instrumento de propaganda ao serviço de Napoleão, continuou a dar o exemplo de Tomar em que os franceses foram "recebidos como amigos", ao contrário de Leiria onde houve mortes e destruição. Servindo assim esta diferença como aviso a todas as cidades e vilas de Portugal, como podemos verificar:

A Carta de 1808, que apresenta nomes de tomarenses desse ano, é uma forte prova do poder do diálogo num cenário de guerra.






2 comentários:

  1. Poder de diálogo? Cá para mim "poder do medo", esta noticia é uma completa humilhação! A actitude dos tomarenses face aos de Leiria, reconheçamos que não lhes fica nada bem, os de Leiria defenderam a sua terra até serem disseminados, enquanto os de Tomar... Reconheçamos que sermos um exemplo, face a outros portugueses, perante um invasor, não é coisa bonita.Se calhar por isso é que nunca foi dada grande publicidade a esta carta. Por outro lado, de pouco nos valeu, na invasão seguinte pagámos caro. Basta ler Amorim Rosa quando descreve as invasões francesas em Tomar.

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  2. Antes de mais quero felicitar Porto da Lage pelo trabalha esplêndido que apresenta no seu Blogue, os meus parabéns.
    Tomar Digital dá a conhecer as obras e documentos, neste caso a Gazeta de Lisboa de 1808. Este "poder do diálogo", tem vários sentidos,um pouco até para além do que sugere, pois não se esqueça que a Gazeta era "ditada" pelo fiel francês Lagarde, sendo que coloco muitas questões sobre se esta carta seria mesmo real ou fruto de "algumas" alterações para enfraquecer a opinião de revolta dos leitores. Para além disso, temos o que o Dr. Sousa nos transmite, e que Amorim Rosa reproduziu no livro II, um povo de Tomar pronto para defender a honra, que não entregou as armas aos franceses mas a "um português digno", onde Ângela Tamagnini teve um papel de diálogo. Lagarde mandava alterar tudo em favor de Junot, era o seu papel e curiosamente não refere a Tamagnini no seu discurso. Para além de tal não convinha a Margaron um gasto de munições e homens em Tomar, para o que haveria de vir.

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