Dr. Vieira Guimarães

 

Fotografia de arquivo. (Peixoto, 2024)

José Vieira da Silva Guimarães (1864-1939) um intelectual português formado em medicina pela Escola Médico Cirúrgica de Lisboa em 1897 com grande contribuição para o estudo das ordens militares e monumentos nacionais, pioneiro na revolução da indústria do turismo em Portugal. (Ribeiro, 2014; Peixoto, 2024)

Em 1895, ainda como estudante, idealiza na sua terra natal a comemoração do Centenário da morte de D. Gualdim Pais. Evento de elevada participação popular e divulgação nacional. (Peixoto, 2020a; Peixoto, 2020b)

Apesar de ser médico-cirurgião, a sua principal atividade profissional, desde 1902 até à sua reforma, é a de professor de Geografia e História em liceus lisboetas, inclusive no Liceu Camões, tornando-se igualmente arqueólogo, deputado da nação em 1905, e historiógrafo com vasta obra publicada. (Peixoto, 2019; Peixoto e Martins, 2020; Peixoto e Martins, 2022)

Entre as principais obras editadas com destaque para a: A Ordem de Cristo (1901), A missão de Portugal e o monumento de Thomar (1905), Marrocos e três mestres da Ordem de Christo (1916), Thomar – Sta Iria (1927) e O poema de pedra de João de Castilho em Thomar (1934). (Guimarães, 1901; Guimarães, 1905; Guimarães, 1916; Guimarães, 1927; Guimarães, 1934)

Em 1903 é condecorado com o grau de Comendador da Real Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Ribeiro, 2012; Peixoto, 2020b)

Em julho de 1912 torna-se diretor da Sociedade Propaganda de Portugal, altura em que defende a construção de uma ligação de caminho de ferro com início no Entroncamento, passagem por Tomar, Batalha, Alcobaça e terminal na Nazaré, destinada a estimular a indústria do turismo em Portugal centrada na visita aos monumentos nacionais. (Ribeiro, 2012; Peixoto, 2024)

Imagem de revista
O seu envolvimento e empenho na defesa do reaproveitamento do património contribuem para que em 1921 se crie o Colégio das Missões no Convento de Cristo em Tomar, posteriormente denominado Seminário das Missões.

Participa em associações, sociedades e academias, tais como a Associação dos Arqueólogos Portugueses, a Academia das Ciências de Lisboa e a Real Academia de la História, e a Sociedade Propaganda de Portugal. (Ribeiro, 2012; Peixoto, 2019; Peixoto, 2024) 

De origens republicanas e positivistas, Vieira Guimarães é um acérrimo defensor do progresso social através da Ciência, traçando um percurso de vida onde apresenta as suas ideias e investigações em congressos científicos, publica conteúdos relacionados com as suas intervenções em eventos, atua como guia de grupos excursionistas em Tomar, particularmente ao Convento de Cristo, singrando defender a verdade no derrube das lendas. (Peixoto e Martins, 2020; Peixoto e Martins, 2022; Peixoto, 2024)

Deixa um edifício central na cidade de Tomar, a vistosa Casa Vieira Guimarães. (Peixoto, 2022)

Fotografia de Paulo Guedes Peixoto
O seu empenho como arqueólogo e relacionamento com diversos estudiosos, entre os quais José Leite de Vasconcelos e Alberto Pimentel, contribuem para que localize a romana Seilium na região nabantina em 1923, e participe em eventos arqueológicos ao longo da sua vida. (Peixoto e Martins, 2020; Peixoto, 2024)

Desde o início do século XX que estuda o Convento de Cristo, contribuindo para ações de conservação e restauro ali executadas, assim como, em 1918, através da criação da associação União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, da qual é sócio número 1, concorre para a criação e organização de núcleos museológicos naquele complexo monumental.

Em janeiro de 1936, participa no I Congresso Nacional de Turismo na Sociedade de Geografia de Lisboa, mantendo a sua defesa acérrima da ligação férrea entre Tomar e a Nazaré.

Vieira Guimarães falece em março de 1939 no seu apartamento na Calçada do Monte em Lisboa.